O que é a "Seicho-No-Ie"? 

Por seu iniciador Mestre Masaharu Taniguchi

 

 

 

 

 


 
       Eu sou Masaharu Taniguchi, da Seicho-No-Ie, conforme fui apresentado. Neste auditório estão presentes muitos adeptos, mas parece haver também muitas pessoas que ainda não o são. Portanto, se eu fizer uma longa introdução sobre a Seicho-No-Ie, em geral já de conhecimento dos adeptos, estes se sentirão entediados, mas, por outro lado, se eu discorrer valendo-me apenas de terminologia específica, pode ser que os adeptos apreciem bastante, mas receio que as pessoas que a ouvem pela primeira vez considerem-na de difícil compreensão. Então, pretendo proferir esta palestra de modo que não seja repetitivo para quem vem lendo mensalmente a revista Seicho-No-Ie e, ao mesmo tempo, permita aos não-adeptos terem uma idéia do Que seja a Seicho-No-Ie.

        A Seicho-No-Ie pode ser chamada de religião. Porém, não se trata de uma religião com inclinação para uma doutrina ou para uma seita. As religiões até agora, de maneira geral, inclinam-se para uma ou outra doutrina: os adeptos do cristianismo dizem que só há salvação através do cristianismo; os do budismo sustentam que só há salvação através do budismo, e muitas vezes acontecem de, dentro do próprio budismo, a seita do "nembutsu" (seita que prega a salvação pela repetição do nome de Buda) e a seita da "salvação por força própria" ficar se insultando mutuamente; por sua vez, os seguidores da seita Tenri dizem que só há salvação através dessa seita; os da instituição religiosa Hitonomichi (Caminho da Humanidade) dizem que só pode haver salvação pela Hitonomichi; e, mesmo dentro de uma família, quando os seus membros seguem diferentes seitas das várias religiões, estes, justamente por seguirem uma religião, brigam entre si, o que constitui um fenômeno estranho.

 

A missão originária da religião  

        Acredito que a missão originária da religião deva ser a de reconciliar os homens entre si. Mas, se as religiões, em vez de desempenharem a função reconciliadora, acabam fazendo com que os homens briguem entre si, é porque estão teimando num ensinamento e não conseguem ver a virtude de outros ensinamentos. Porque acham que só suas próprias pregações são boas, insistem nelas, não conseguem ver a virtude das demais e vêem-se forçadas a brigar entre si. Dizem que a religião salva, mas o que significa "salvar'? Não é ser levado para um lugar onde há provisão material completa, chamado "Céu", nem ser transportado para um ambiente repleto de belos ornamentos, chamado "Paraíso". É recuperar a "liberdade infinita" inata ao homem. A "liberdade" é uma palavra moderna, mas em linguagem búdica, que vem desde a Antiguidade, seria gedatsu (emancipação). O oposto de gedatsu é chamado "impedimento", "obstinação" ou "apego", e refere-se ao ato de fanatizar-se, prender-se a alguma coisa e tornar-se aprisionado por ela. Quando se fanatiza e se prende a algo, a pessoa já deixa de ser livre, entra em conflito com tudo que a cerca e nada se resolve com facilidade. Alcançando o gedatsu (emancipação), isto é, desfazendo a obstinação, a "Vida" dessa pessoa se torna verdadeiramente livre; e essa verdadeira libertação da "Vida" contida no próprio homem chama-se salvação. Ainda que uma pessoa seja colocada dentro de um palácio luxuoso denominado Céu ou Paraíso, se na Vida dessa pessoa houver algum aprisionamento, por mais que o ambiente seja ótimo, ela sofre afobando-se e irritando-se; em última análise, não está salva. E, como o fundador de cada religião elaborou sua respectiva doutrina com o intuito de dar liberdade a essa "Vida" do homem, qualquer que seja a religião à qual a pessoa se filie, se essa pessoa se aprofundar em sua essência, conquistará a "liberdade da Vida" - isto é, será realmente salva. Porém, acontece que, surgindo uma, duas, várias pessoas que vão se salvando por meio dessa religião, na maioria dos casos tende a nascer um preconceito de que, se não for através dessa religião, não poderá ser salvo; que, por intermédio de outra religião, não se salvará. Por exemplo, enquanto os cristãos apregoam veementemente que "se não for pelo cristianismo não haverá salvação", freqüentemente seus vizinhos monges budistas, trajando túnicas (kesa), replicam: "Se não for pelo budismo, o homem não será salvo". Nessas ocasiões, se perguntarmos ao pregador do cristianismo que está falando mal do budismo " Até que ponto você estudou sobre o budismo?", ele ficará embaraçado e não conseguirá responder.

 

As seitas são os portais para se entrar na "casa"  

        "Salvação" significa conquista da liberdade que é inata ao homem. Por isso, muitos fundadores virtuosos e de visão avançada abriram as portas para o homem conquistar a liberdade da Vida nele inata, de acordo com a época e com o povo. É uma tendência natural do homem querer convidar os outros para entrarem pela mesma porta através da qual ele atingiu a salvação. Mas não devemos criticar ou depreciar outras portas pelas quais nunca passamos, pensando que a única porta para a conquista da "salvação" é a que nós atravessamos e que não há outras.

        Bem, e qual é a posição da Seicho-No-Ie em relação às várias seitas religiosas? Seicho-No-Ie se diz. Ie (casa) e não se diz "seita tal", nem usa o sufixo "ismo"; não se trata de "mais uma" seita para se opor às demais. Quando se trata de "porta", é preciso sair por uma para entrar por outra, o que ocorre inevitavelmente com as "portas" (religiões) que se colocam em posição relativa, e é por esse motivo que há rejeição a outras "portas". Mas a Seicho- No-Ie não é "porta religiosa"; conseqüentemente, não diz para sair por uma porta e entrar por esta. Como a Seicho- No-Ie é "casa", qualquer que seja a porta pela qual a pessoa entre, não há inconveniente algum. Tenha a bondade de adentrar-se para o interior de sua religião; lá, bem no fundo, você encontrará um salão bastante amplo - é esse salão interior que se chama Seicho-No-le - e a ele pode- se chegar, não importa qual seja a porta pela qual entrou. Se você penetrar até a profundeza de sua doutrina, infalivelmente chegará ali; sendo esse salão uma ampla área de total desprendimento e de verdadeira liberdade, nele já não há mais lugar para conflitos religiosos. Um estado em que todas as pessoas procedentes das mais diversas seitas conseguem viver amistosamente dando-se as mãos, como membros de uma única família - isto é "Seicho-No-Ie". Portanto, se de um lado a Seicho-No-Ie promove a reconciliação entre os homens, de outro lado tem também a função de reconciliar as religiões entre si.

 

A que se propõe a Seicho-No-Ie? 

        Talvez surpreenda o leitor o fato de haver uma religião tão liberal, mas eu não sei se a Seicho-No-Ie deve denominar-se religião, modo de vida, filosofia, movimento de divulgação do Pensamento Iluminador ou movimento de doutrinação. Bem, podem lhe dar o nome que quiserem. Só que nas religiões até agora existentes a doutrina e a vida prática caminham totalmente desvinculadas entre si: a doutrina é uma coisa, e o cotidiano prático é outra, sendo tão independentes, de modo que há pessoas que seguem uma religião, mas que têm a família desagregada ou constantemente eivada de desgraças e doenças, resultando daí que a religião seja salvação apenas espiritual, sem ter relação alguma com a vida prática. Mas, na Seicho-No-Ie, a doutrina em si já representa a salvação ao nível do cotidiano; assim, ouvindo os ensinamentos, cura-se a doença; lendo-os, acabam-se a pobreza, as brigas conjugais etc.  

A Verdade da Vida, Vol. 5
Pagina 133 ~ 138

NOTA: Neste mesmo capítulo, mais adiante o Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi explica como obter saúde, harmonia conjugal, sucesso nos negócios, etc. etc.
ATENÇÃO:
Uma boa parte dos exemplos que ele cita são ocorrências no Japão antes da guerra, portanto o leitor deve adequar o seu conteúdo ao nosso dia de hoje, ainda mais, fazendo analogia aos nossos costumes ocidentais.

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