POR QUE E COMO SURGIU A REVISTA
"ACENDEDOR"
PROTAGONISTA DA DIVULGAÇÃO EM PORTUGUÊS
DA SEICHO-NO-IE NO BRASIL
CAPA DO PRIMEIRO EXEMPLAR
<Ilustração da capa: Sr. Takeshi Katsumata>
Prefácio
Para entendermos a razão do surgimento da revista em português da SNI, devemos
entender o que propiciou o seu lançamento.
Antes devo esclarecer algumas fontes
essenciais em que me baseei:
“História de 20 anos da Seicho-No-Ie no Brasil” editada em 1973 pela Sede Central da SNI do Brasil (somente em japonês),
“MEISSOO JOOKI”, de autoria do Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi.
“MEISOO JOOKI”, espécie de blog dos dias de hoje, é uma compilação dos diários que o Sagrado Mestre deixou por escrito desde o ano de 1930 até 1959.
Breve resumo histórico da Seicho-No-Ie desde o seu início.
1930 a 1939 Fase inicial da SNI até o começo da 2ª guerra mundial.
O início foi muito difícil. Mas
por bem houve uma orientação divina para consolidar o surgimento da SNI. Maiores
detalhes nos vols. 19 e 20 de “A Verdade da Vida”.
O Sagrado Mestre, na época, dirigiu
mais as mensagens e orientações ao povo japonês, visando reformulação ideológica
e cultural de então, principalmente enaltecendo a figura da mulher. Na época, as
mulheres tinham que ser, por princípio, submissas aos homens, sempre deixadas no
segundo plano.
Também nesta fase inicial, o Sagrado
Mestre estava mais atido aos fenômenos espirituais, Leis da Causa e Efeito, a
Verdade Horizontal. Só posteriormente passou a enaltecer e transmitir mais a
Verdade Vertical. Passou a insistir na manifestação única e somente da Imagem
Verdadeira, visando mais salvar o todo e não só o indivíduo. (A Verdade da Vida,
vol. 33)
1939-1945 Durante a guerra mundial.
O fato de enviar soldados para o campo de batalhas e muitos se suicidarem em
nome da pátria, os KAMIKAZE (tradução ao pé da letra: Vento de Deus), apesar de
ter sido motivo de orgulho para muitos, por outro lado causou tristeza e
consternação, principalmente para inúmeros familiares que permaneciam no Japão.
Na prática não era fácil para eles aceitarem esta situação, ver e perder os
filhos, entre eles muitos já pais de família, ou namorados e noivos, e jovens
com futuros comprometidos nas escolas ou no trabalho. Assim mesmo, muitos
soldados sentiam orgulho em morrer pelo seu país.
A fim de passar a salvar e abençoar
todas essas pessoas, Sagrado Mestre precisou focar os ensinamentos para ver
somente as partes positivas, alimentar mais orgulho de servir à nação, que
representa a coletividade e não só o indivíduo. Enalteceu a importância de
defender a pátria japonesa, estimulou o orgulho de ser japonês, e ensinou que
era um ato divino ser defensor e súdito do Grande Imperador do Japão.
1945-1950/1952 1ª fase pós-guerra.
Após a destruição completa do Japão, tanto material como moralmente, o Sagrado Mestre direcionou a salvação principalmente aos homens, já que muitos viviam numa depressão total. Para se livrar dos sentimentos da derrota e de tristeza, para dedicar ao reerguimento da nação, formou-se um grupo dirigido só para os homens, denominando Ass. SOOAI (Amor Mútuo), hoje conhecida como Ass. da Fraternidade no Brasil e Brotherhood Group nos EUA. (Para as mulheres, já existia uma organização iniciada desde antes da guerra, que visava reforçar a convicção e alegria de ter nascido mulher).
A partir de 1950/1952 até os dias de hoje.
Apesar de ter iniciado e incentivado desde a sua fundação como Movimento de Iluminação da Humanidade, pela primeira vez a SNI do Japão começou a comandar efetivamente o trabalho de divulgação internacional fora daquele país.
O que ocorreu no Brasil.
Muitos já conhecem que os irmãos Daijiro Matsuda e Miyoshi Matsuda orientados
pelo livro “A Verdade da Vida”, iniciaram o trabalho de divulgação da SNI neste
país. Maiores detalhes no livro “Uma vida dedicada à pregação da Verdade” vol.1
e vol.2, de autoria do Prof. Miyoshi Matsuda.
Os meios de comunicação na época eram
precaríssimos, só existia correio superficial e marítimo (por exemplo, as
correspondências entre Brasil e Japão levavam de 45 a 60 dias). Além disto,
somente 10% ou menos, dos descendentes de japoneses tinham acesso às ondas
curtas (de rádio transmissão) para ouvirem noticiários do Japão. Esta situação
continuou até aos anos de 1950, devido à guerra e perseguição aos japoneses no
Brasil.
Aliás, este é o motivo de grande
número de japoneses do Brasil de acreditarem na vitória do Japão, e não
aceitarem sua derrota. E havia ainda os famosos KATCHIGUMI <grupo dos
vencedores> que mantinham o grupo coeso e acirrado até no início dos anos 1950.
Quem tiver uma oportunidade, sugiro
que visite o Museu Histórico de Imigração do povo japonês ao Brasil, localizado
no Bairro da Liberdade em São Paulo.
Quando conheci a SNI em 1957, no Brasil ainda se refletia exatamente a imagem do
movimento do Japão de 1930 a 1950, comandada na sua maioria pelos KATCHIGUMI (os
vencedores da guerra). Os veteranos daquela época devem concordar comigo, o
movimento da SNI no Brasil era dirigido para salvar os japoneses
radicados e seus descendentes.
Não estou exagerando, mas os
associados da Associação dos Jovens na sua maioria de 2ª geração eram obrigados
a comunicar somente em japonês nas reuniões, e agradecer por ter nascido
descendente deste povo divino, portador de espírito inigualável chamado YAMATO
(do Sol Nascente), e bradar em voz alta: viva o Imperador do Japão!
Testemunhei um fato inusitado, certa
associada filha de japonês começou a namorar um rapaz não descendente nipônico,
ela, além de levar uma repreensão, foi humilhada e convidada para não misturar
com o grupo.
Com o passar do tempo na SNI do
Brasil, começavam a comparecer jovens que não entendiam bem a língua japonesa.
Foi aí então, um grupo de estudantes resolveu fundar um movimento de âmbito
nacional para divulgar o Ensinamento em português. Fiz parte deste grupo, e
defendíamos a idéia do Sagrado Mestre de que a SNI é um Movimento de Iluminação
da Humanidade desde o seu inicio. Chegamos a argumentar veementemente que em
nenhum lugar está escrito Movimento de Iluminação do Japão, ou dos japoneses.
Tivemos a sorte de poder contar com
apoio total do então Presidente Doutrinário, Prof. Miyoshi Matsuda, do Sr.
Shiguemi Murakami (presidente da AJSI) e do vice, Sr. Nobuo Jyo, para fundar a
LESI (Liga Estudantil da SNI do Brasil).
Inauguramos oficialmente no dia
14 de Julho de 1961.
Todas as atividades eram realizadas
com intérprete, tudo em idioma português. O movimento foi um grande sucesso e
começou a se estender ao
interior do Estado de São Paulo e Paraná.
No entanto, quase na totalidade de
dirigentes locais e regionais da SNI no Brasil da época defendiam fortemente a
ideia que o movimento deveria ser levado mais em japonês. Consequentemente, após
longas discussões, no final do ano de 1963 a LESI foi forçada a encerrar as suas
atividades conforme a determinação da Diretoria Central da SNI do Brasil. Muitos
inconformados com esta ideia saíram da organização.
O nosso grupo remanescente, dos que
moravam na capital paulista, continuou a fazer reuniões, mas obrigado a
transformar em uma Associação Local da AJSI. Com o nome de AESISP, a sede era
num salão do fundo de minha casa no Bairro do Cambuci, São Paulo, capital.
Quando o Sagrado Mestre Masaharu
Taniguchi visitou o Brasil pela 1ª vez em 1963, ele deixou bem claro e evidente
de que a SNI do Brasil não era só para os japoneses e seus descendentes.
Declarou que a SNI neste país deve ser primordialmente dos brasileiros,
principalmente para os cristãos. Com isso criou oficialmente a instituição
chamada: IGREJA CRISTÃ DA SEICHO-NO-IE no BRASIL.
Mas como a maioria dos responsáveis
da SNI do Brasil daquela época mantinha o duro conceito de que a SNI seria mais
para os japoneses, esta determinação não foi cumprida, como prova podemos
verificar que até hoje esta denominação “CRISTÔ além de não ter sido adotada,
sequer foi divulgada.
A cópia deste documento, embora em
japonês, está à disposição no site e qualquer pessoa poderá apreciá-la. Trata-se
de um documento publicado pela SNI do Brasil. (link no final desta matéria)
Nós, jovens da época, estávamos
convictos de que o movimento da SNI no Brasil deveria ser divulgado muito mais
para os brasileiros e obviamente só em idioma português. Nós os associados e
dirigentes da Associação Local dos Jovens AESISP, resolvemos por bem traduzir
por nossa conta o “Livro dos Jovens” e “Cartilha da Vida”. E lançamos em 1964 a
revista “SETE FAROIS” com tiragem de 100 unidades, sem serem mimeografadas, mas
impressas numa gráfica normal.
<Ilustração da capa: Sr. Takeshi Katsumata>
Levamos o n°3 desta revista, em grande quantidade para um Seminário dos Jovens
que teve lugar em Janeiro de 1965 na Academia de Ibiúna. Distribuímos para
maioria dos participantes, sem nenhuma autorização prévia. Como responsável, fui
convocado pessoalmente pela diretoria central da AJSI do Brasil (na época se
chamava AMSI – Associação dos Moços da SNI do Brasil) para explicar o porquê da nossa ação.
Lembro-me muito bem, quem me convocou foi o Sr. Tsuyoshi Miyahara, um dos Vice
Presidentes da época. No início, estive muito apreensivo, mas qual a surpresa,
só recebi elogios pelo nosso trabalho e a atitude corajosa demonstrada. Fui
convidado pela cúpula da AJSI para planejar e comandar, dando continuidade da
revista em português, mas passando para a organização de âmbito nacional desde
então.
A mesma equipe da revista SETE FAROIS
foi mantida com inclusão de alguns elementos da AJSI do Brasil.
Escolhemos o nome “Acendedor” porque
na ocasião a AJSI escrevia em uma pequena coluna no Jornal ENKWAN (Circulo de
Harmonia), e este espaço se chamava TENTOOSHA (Acendedor).
Naquela ocasião, ainda não existia
“offset” na maioria das gráficas, mas somente composição de textos por linotipo.
Cada letra era catada para fazer matriz base e montar placas de chumbo/estanho
para impressão.
A gráfica onde produzimos a revista
nº1 pertencia ao meu pai, Sr. Yoshiichi Miyamoto, e fiz também o trabalho de “test up” <testape>, ou seja, a
revisão das placas matrizes de chumbo, e assim foi possível baratear
consideravelmente o custo.
A tiragem do n°1 foi de 1000 unidades
e vendemos como lançamento oficial pela AJSI do Brasil na Convenção dos Jovens
realizada no salão da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, no Bairro da
Liberdade, no mês de Julho de 1965, portanto vamos completar exatamente 50
anos.
Não pretendo detalhar, mas não foi
nada fácil a sua divulgação no início. Não contávamos com o apoio da Sede
Central. Mas passados 5 anos, com a ordem da Sede Internacional, através do Dr.
Katsumi Tokuhisa, finalmente a Diretoria da Sede Central tornou como uma
publicação oficial da SNI do Brasil.
Depois disto começou o crescimento
vertiginoso da SNI do Brasil, mormente entre os não descendentes de japoneses.
E finalmente em 1990 a SNI do Brasil
passou a três tipos de revista, como conhecemos agora.
Para conferir a criação da IGREJA
CRISTÃ DA SNI, postulada pelo Sagrado Mestre Masaharu Taniguchi em 1963, favor
clicar em:
www.DocumentosVirtuais.com/SNI_Christian_Church/index.htm
(em japonês somente).
Muito Obrigado!!!
Fevereiro de 2015